Resumen
Neste artigo, refletimos sobre o gesto glotopolítico representado pelo Museu da Língua Portuguesa, como uma política pública patrimonial que parte da concepção da língua como patrimônio imaterial. Ao mesmo tempo que representa o português do Brasil como a continuação histórica do português europeu, “enriquecido” pelos aportes das línguas indígenas e africanas da realidade multilíngue colonial, o Museu contribui, enquanto política de memória, para a construção da identidade nacional brasileira, oscilando entre o reconhecimento da especificidade de sua própria variedade linguística e a afirmação recorrente da unidade da língua portuguesa no mundo. Essa tensão está presente na exposição permanente e nas exposições temporárias e itinerantes, assim como nas atividades culturais propostas pelo seu Centro de Referência. Como gesto glotopolítico, o Museu da Língua Portuguesa aponta
para essas duas dimensões, nacional e transnacional, situando o Brasil como centro a partir do qual se pensa e se debate a imaginada comunidade lusófona.